segunda-feira, 30 de junho de 2008

Apontamentos para uma análise de "As Sabichonas" (Molière)


A exemplo de outros textos trazidos para o blog, este aqui foi, originalmente, um trabalho de faculdade realizado para a disciplina de Teoria da Literatura II. Evidentemente, ele foi entregue completo ao professor, mas não pude encontrar uma cópia da versão final. Fica aqui, pois, a cópia de algum estágio intermediário na produção do trabalho, possivelmente uma das primeiras partes escritas. Vejamos:

Num primeiro momento, é possível analisar esta comédia de Molière sob uma ótica estrutural, segundo a qual as personagens seriam distribuídas em grupos que se opõem entre si.
A primeira oposição que se destaca é a existente entre as sabichonas do título (Filaminta, Armanda e Belisa) e as pessoas de bom senso (Henriqueta,  Clitandro, Crisale), conforme diagrama abaixo:


      + pedante
(Filaminta, Armanda e Belisa)


-          pedante
 (Henriqueta, Clitandro, Crisale)
 

Outra oposição possível de ser estabelecida é entre os personagens que vêem no casamento uma possibilidade de realização amorosa (Clitandro) e aqueles que o encaram como uma oportunidade de ascensão social (Tricretim). Poderíamos ainda levantar mais algumas oposições, como a que há entre a esposa sabichona (Filaminta) e o marido submisso (Crisale) ou mesmo a que se estabelece entre a falsa literatura feita por Tricretim e a grande literatura de outros autores que (supõe-se) ele copia. Entretanto, elas serão abordadas “en pasant” posteriormente e cremos que não se constituem como de capital importância para o entendimento da trama.

Uma vez estabelecidas as oposições básicas, é interessante observar que através dos diálogos entre as personagens, veiculam-se dois pontos de vista que se digladiam, constituindo-se como fonte de tensão da peça – e esta só será eliminada ao final, bem dentro da concepção aristotélica de teatro.