segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Chuvas de verão

Antes, quando eu ouvia "Águas de Março", com Elis & Tom, chegava a acreditar que há beleza e sentido no espetáculo das chuvas de verão. Mas, a cada dia, essa sensação antiga e de apreciação artística vai sendo relegada a um segundo plano.

Porque, hoje, na maioria das cidades chuva é sinônimo de caos e confusão. Não vou aqui me deter na situação das casas construídas em local irregular, do lixo nas ruas, do desmatamento de encostas. Nem quero também jogar a culpa para cima da Defesa Civil, que se enrola com atender variados chamados em locais os mais diversos. Além, claro, dos trotes. Não; nada disso me importa agora. Num primeiro momento quero me ater à situação do trânsito aqui em minha cidade: Juiz de Fora.

Juntemos uma frota cada vez maior de carros; crianças saindo da escola, trabalhadores (sa)indo do (ou para o) trabalho, ônibus urbanos lotados, etc. e tal. Já teríamos com isso suficientes motivos para uma confusão generalizada em nossas ruas estreitas e mal planejadas onde veículos, pedestres e ambulantes dividem mal e mal um espaço precário.

Mas, como é possível piorar ainda um pouco mais, para o recheio deste bolo de horrores, acrescentemos muita água caindo do céu, ruas alagadas e intransitáveis: aí sim temos caos, buzinaço e engarrafamentos. Além de ônibus atrasados, gente estressada e roubos oportunistas.

Sexta-feira, dia 06 de fevereiro, São Pedro decidiu faxinar o andar de cima e, conseqüência óbvia, mandou o aguaceiro aqui para baixo. Foram mais de noventa minutos de trovoadas e picos de luz. E água caindo. As pessoas se espremendo nas marquises, os carros em marcha lenta, táxis disputados a tapa. E água caindo.

O bacana, penso eu, é o espírito criativo dos brasileiros. No meio de tantos transtornos conseguiu-se inventar uma nova modalidade esportiva: o "ratobol". Funciona assim: quando os roedores saem das bocas de lobo entupidas, os homens os chutam com força e as mulheres gritam (estão torcendo ou estão assustadas??!). Ainda não criaram traves nos pontos de ônibus e nem juízes, mas já se recolheu uma meia dúzia de assinaturas para pedir a legalização do esporte. Aguardemos.

Créditos da imagem: Elis Regina e Tom Jobim, artistas citados no início do post, em foto tirada possivelmente em 1974, época em que gravaram um antológico disco juntos. Fonte aqui: www.antoniocarlosjobim.org

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