quinta-feira, 9 de abril de 2009

Entre a tradição e a modernidade

Na aula de Filosofia da Educação ocorrida ontem tivemos um princípio de discussão que promete render: as vantagens e desvantagens de trocar uma aula tradicional, focada na transmissão de conteúdos, por uma outra que se baseie principalmente no diálogo e na construção conjunta do conhecimento.

Alguns defendem com veemência a troca, vendo nela aspectos ultra positivos. Eu, sem ser totalmente contra, sou obrigado a duvidar que a troca de fato ocorra. Para mim, mudam-se os conteúdos (como agora está para acontecer com a possível adoção do Enem como vestibular), mas mantém-se sempre um ensino pouco reflexivo, que é o que se exige para aprovação das pessoas em concursos e nas mais diversas esferas da sua vida.

E, para além disso, somos uma geração ainda criada e educada dentro do modelo estabelecido (e por isso alcunhado de tradicional) e duvido muito que alguns, sem ao menos saber a distinção entre sobre e sob ou sem conhecer os títulos mais elementares de um escritor da estatura de Machado de Assis, duvido muito que tragam contribuições de real valor para essa mudança.

Indo mais longe (e extrapolando a questão meramente educacional), a dinâmica social surge exatamente da tensão entre o novo e o antigo. Os desfiles de escola de samba, por exemplo, são hoje a consequência de uma série de inovações que escolas como Salgueiro, Império Serrano, Beija-Flor e outras fizeram até mais ou menos a década de 1970. Tanto é assim que o trabalho de Paulo Barros nas escolas em que já passou nunca as conduziu ao título. Era novidade demais para os jurados.

Pode ser que no fim quem esteja certo seja o Belchior: depois de tudo tudo que fizemos ainda somos os mesmos, como os nossos pais.

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