terça-feira, 2 de novembro de 2010

¿Testemunha da História?

Sei que comento com atraso a morte de Néstor Kirchner. Neste espaço, que deveria conter - entre outras coisas - as minhas impressões sobre o intercâmbio na Argentina, creio que é pertinente colocar alguma notícia sobre a morte do ex mandatário do nosso país vizinho.

A morte de Kirchner foi um acontecimento nacional, como normalmente ocorre na "nossa América". Na TV Pública (e depois me disseram que em canais particulares também) simplesmente deram cobertura TOTAL ao fato, com imagens e entrevistas ao vivo o dia inteiro. Foram decretados três dias de luto oficial e todo tipo de evento (inclusive uma série de conferências sobre o escritor Manuel Mujica Lainez) foi cancelado e eu que tinha interesse em participar fui pego de surpresa duas vezes...

Muita gente aproveitou para alfinetar o grupo Clarín e dizer que as pessoas que estavam nas ruas apoiando Cristina sabem que o governo é mais do que dizem "os grandes meios de comunicação".

Na quarta-feira passada era feriado aqui, por causa do Censo 2010. Só faltou chover para que o dia fosse mais triste.

Mesmo com o cancelamento da atividade literária, eu tinha vontade de ir à Capital Federal para tomar parte no velório. Não que eu me sentisse comovido como as pessoas daqui. Mas me atraía a idéia de ser "testemunha da História". Acabei desistindo à última hora por medo de tumultos na Plaza de Mayo,  abarrotada de gente.

Ao escrever este texto, vejo que, de alguma maneira, o simples fato de estar aqui na Argentina já me faz "testemunha da História" ou, quando menos, me permite ter uma visão que muitos brasileiros não tiveram. E vejo que não nos damos conta de que estamos "testemunhando a História". Ser testemunha envolve uma participação e um sentimento e uma vivência que são muito mais e vão muito além de um movimento simulado.

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