sábado, 29 de janeiro de 2011

Virei um deles?

Sobre cortes de cabelo já escrevi aqui neste blog em outra ocasião, mas o destino me pregou uma boa peça, de modo que preciso voltar ao tema. Na verdade, preciso até voltar no tempo, porque o caso se passou na véspera das festividades de Ano Novo, as quais acabaram me impedindo de escrever no momento em que o tema estava "fresco".

Fica a síntese: no dia 31/12 saí para comprar os materiais da ceia com meus pais. Após uma temporada longe de casa, fiquei andando uns bons dias colado com eles. Meu pai insistia para que eu cortasse os cabelos, grandes desde a volta ao Brasil e eu me recusava terminantemente a fazer isso. O problema é que as minhas negativas pouco ou nada puderam contra a autoridade dele e, de quebra, a minha subserviência filial. Cortei o cabelo.

O problema foi que no meio de tanta contrariedade e depois de enfrentar fila no salão cheio, acabei não notando que o barbeiro fez uma "barbeiragem" no meu cabelo, deixando-o com uns desenhos que aproximavam meu visual do de meus primos, tão destacadamente distinto, ligado a uma identidade da periferia (sem preconceitos) que eu não consigo associar com a minha pessoa.

Sem embargo, estava eu com um cabelo chique-modernoso e sem saber como lidar com a situação.  Mas, nada como um bom encontro de família para colocar as coisas no seu devido lugar.  Os primos dos cabelos diferentes vieram para a ceia de final de ano e, para minha surpresa, o corte desta temporada mudou. 

E com isso toda a minha preocupação acabou se mostrando pouco eficiente: meu corte poderia até ter sido chique em seu momento, mas de moderno e atual não tinha nada. Sempre um passo atrás da "rapaziada", tive de contentar-me com a situação e sorrir.

Quatro?

Hoje à tarde sentei na sala de casa para ver as sambistas no Caldeirão do Huck. Na verdade, estava toda a família e nós todos tivemos de assistir, antes, a uma (desinteressante) apresentação daquela que possivelmente será a música mais tocada nestes dias de fevereiro e março, quando o país só pensa nos festejos de Momo: Tchubirabirom.

O que mais me espantou não foi a apelação para o corpo - que aliás serve para ocultar não a pobreza, mas antes a inexistência de uma letra -, também não foi a explicação sem pé nem cabeça de que essa palavra que me recuso a escrever de novo significa: "tremendo corpo". Não.

Meu corpo ficou foi tremendo de susto e indignação ao ver os créditos da referida composição (?): quatro autores. Eram precisos tantos para produzir algo tão ruim???