quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os deslocados

Foi num relance. Quando dei por mim já havia entrado no bar junto de meu pai e, mais, já haviam pousado dois copos sobre a mesa. Entre um e outro, uma garrafa de cerveja. Olhei em torno para certificar-me de que um deles era mesmo meu e, constatando-o, tratei de protestar. Em vão. Empurrei em goles amargos a bebida amarela.

Do outro lado do balcão, como atendente, o filho do dono do botequim. Sozinho na tarde quente daquele domingo, o rapaz sorria, também com um tom amarelo, aos gracejos que temperavam a conversa dos clientes e habitués do recinto.

Olho bem para nosso mal-estar, matizado de amarelo. Olho para meu pai, presente, e penso no pai do balconista, ausente por algumas horas. Ou alguns minutos, não importa. Olho para a fumaça de cigarros que nos sufoca e, de repente, do fundo da memória uma voz me sopra: os deslocados.