Na ignorância do fato
Saiu. Cumpriu sua função de trabalhador:
lavrou números na imensidão sem fim
de um balanço incultivado.
Saiu de novo, rumo ao mercado.
E parou na rua, no horário de mais calor
para ficar conversando fiado.
Parou para colocar a conversa em dia,
em tom amigo e despreocupado.
As compras? Não as faria até que tivesse terminado.
Mas longe, e desde cedo, o destino rolava os dados
de um pesadelo apenas (mas longamente) pressentido:
uma senhora idosa se debate, em estranha agonia.
O neto poeta, trabalhador distraído,
imaturo e desesperançado, curtia,
à sua maneira, um sábado de sol.
Tentava uma vida banal,
enquanto membro importante da família,
dava entrada no hospital.
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