A vaga
Depois de dias internada, a paciente consegue, enfim, uma vaga
em outro hospital, onde, espera-se, será enfim reabilitada.
Mas com uma vêm outras vagas. A começar por esta vaga esperança,
indeterminada, que nos levanta a cada dia para lutas renovadas.
Os sentimentos que como pó foram ocultados,
sob o tapete das aparências, nos dias sem novidade, de espera angustiada,
pouco a pouco se avolumam e, agrandados, ameaçam romper o seu cercado:
o coração, já o antevê como praia em dia de ressacada.
Tropel tumultuoso, de que lhe serve a marcha desesperada?
Apesar do refluir das vagas e da esperança vaga que trazem arrastada,
ao leigo neto poeta só lhe resta escrever e esperar: mais nada.
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