sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Na casa do "Che": aventuras de uma trupe meio estranha em Alta Gracia

Quinta-feira. 9h. Me demoro à mesa do café do hostel ainda vazio.

"Você tem algum plano para hoje?". Perguntou, num espanhol sofrível, um alemão (Sebastian) que havia chegado na noite anterior - certamente quando eu já dormia.  "Não". Respondi laconicamente. Minha programação era ficar dentro do hostel até as 11h, esperando a temperatura subir um pouco para só então sair.

"Se quiser, pode vir conosco." A referência no plural é porque ele estava acompanhado por um russo (Serguei). "Tudo bem", respondi, mesmo sabendo que isso me deixava na obrigação de mover-me um pouco mais cedo. De qualquer maneira, eu achava que a experiência valia a pena.

Depois de mais alguns minutos, tive de responder à mesma pergunta, mas agora vinda da parte de dois outros brasileiros que estavam por ali. Eram mochileiros - Alexandre e Vinícius. E quando me dei conta, tanto uns como os outros queriam visitar Alta Gracia para ver a casa onde Che Guevara passou parte da infância dele.

A contragosto terminei o desjejum e troquei de roupa. E lá fomos nós cinco, falando em espanhol e inglês (eu muito pouco) a ver se lográvamos algum êxito comunicativo.

Apesar dessas peripécias idiomáticas, os mochileiros e eu nos apresentamos como franceses na tenda de informações ao turista.

Alta Gracia fica a 39 Km ao sudoeste da cidade de Córdoba. Para chegar até lá, pode-se tomar um ônibus no terminal rodoviário, ao preço de $ 7,00 (sete pesos, aproximadamente R$ 3,50). Há duas empresas que fazem esse trajeto: LED e Sarmiento. A cidade constitui um pólo turístico de interesse por conta de três atrações: as Estâncias Jesuíticas, o Museo Ernesto Che Guevara e o Museo Manuel de Falla.

O Museo Ernesto Che Guevara é uma construção de estilo inglês onde "Che" viveu parte de sua infância em função de ter asma. Na época, recomendava-se o clima de Alta Gracia, mais seco, para tratamento de doenças respiratórias. Cobra-se uma entrada de $ 5,00 (cinco pesos, aproximadamente R$ 2,50).

Nesta residência, chamada Villa Nydia, estão expostos objetos que foram usados pelo guerrilheiro, os livros que manuseou quando pequeno (Júlio Verne, Emilio Salgari, Jack London) e reproduções de artigos que ele escreveu sobre as viagens que fez pelos países da América Latina e sobre a Revolução Cubana. Destaca-se também uma sala destinada ao registro da visita que Hugo Chávez e Fidel Castro fizeram ao local em 2006. Ali está exposta a assinatura dos dois "presidentes" e é curioso ler o que Chávez deixou assinado: "Hasta la victoria, siempre."

Depois de visitar o Museu voltamos ao centro da cidade. Estávamos com fome, mas, por distração, estendemos o turismo além das 13h, fato que fez nosso retorno coincidir com o horário da "siesta". O único local com sinal de vida era um "kiosco" onde um senhor nos ofereceu uns sanduíches de queijo com presunto que, presumíamos, eram mais velhos que o próprio senhor que os oferecia. Por amor à vida, dispensamos.

Tentamos depois pegar umas frutas que pareciam laranjas. As ruas estavam com várias árvores carregadas. Mas, como dizem no Brasil, pegar fruta madura que está dando mole na beira da estrada é "roubada". Não que houvesse marimbondo no pé, mas as frutas eram muito azedas...

Só fomos comer depois de voltar a Córdoba. Passava das 17h.

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