A manchete de uma revista dessa semana traz a pergunta: "Por que os cachorros viraram gente?"
Não perdi tempo de ler a matéria. A mim parece tão claro que essa transformação de bicho em ser humano decorre dessa mentalidade egoísta dos nossos tempos. Sim, egoísta. Mima-se um cão porque ele, ao contrário de um filho, não irá para a escola, não terá amigos para baladas e, em consequência, não representará gastos extras.
Egoísta também porque um animal não pode colocar para seu dono as inúmeras questões envolvidas nas relações interpessoais. Um animal não nos força a mudar as nossas convicções pessoais. Não nos desafia a entender suas atitudes. Até porque um cachorro não agiria com motivação financeira ou por vingança, por exemplo.
E assim a coisa foi rolando até chegar a isso que temos hoje: os cães são membros de uma família cuja estrutura inexiste. E, para ocupar essa posição foram cruelmente podados de sua animalidade. São humanos, pois.
Mas ontem, assistindo a TV Globo (especificamente o "Fantástico") descobri que dar aos cães um papel mais pronunciado pode ter um outro fundamento. Aliás, um outro fundamento oportunista. Porque para mim, exibir no mesmo programa duas reportagens protagonizadas por cachorros só pode ser sinônimo de uma falta do que dizer. Uma mesma eterna falta do que falar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário