segunda-feira, 6 de abril de 2009

Viajando de ônibus...

Nessa linguagem confusa em que a palavra hoje pode querer dizer ontem por causa do sono, nessa linguagem confusa quero me expressar sobre viagens.

É que viajar no Brasil significa, quase sempre, embarcar num ônibus. Exceto quando se tem como ponto de partida e/ou chegada a região amazônica: lá só é possível se mover em barcos ou a nado. Outra exceção que me vem à mente seriam os casos em que o destino (ou a origem) é o sertão nordestino: nesse caso só se vai ou volta em pau-de-arara. Desnecessário dizer que, pelas dimensões continentais do território, o ideal seria contarmos com trens e pontes aéreas disponíveis. Entendam-me: o ideal. A realidade, infelizmente, é bem distinta e - parafraseando a Fátima Guedes - também não rima.

Pois bem, falei e falei sem nada dizer da viagem que eu empreendi esse final de semana para o Solo Sagrado da Igreja Messiânica.

Essas viagens constituem um tipo de deslocamento pendular que agrega pessoas num templo nos dias de culto, como hoje, e depois as dispersa em direção às suas casas. Eu faço parte do grupo de pessoas que se deslocam por questões de fé. Os problemas começam quando a religiosidade e os bons fluidos cedem lugar às imprecações e lamúrias por conta de um defeito mecânico na condução.

Agora, imaginem essas reclamações sendo feitas num contínuum durante mais de uma hora numa curva de uma estrada estreita e plena de vegetação que foi onde o ônibus resolveu quebrar? É triste, mas foi isso o que aconteceu.

Para evitar maiores transtornos, me fechei no meu silêncio e a partir dele fiz os versos abaixo. São versos irados; mas antes descontar a raiva em uma escrita agônica que numa agressão real. Eis a "obra de arte":


"Ônibus parado ou de pessoas sem compreensão"


A paisagem na janela mudava
mas, agora, já não muda mais.
Ocorreu uma pane qualquer
(dizem que é uma válvula quebrada)
e o povo se desmancha em "ais".

Sabemos que nada pode ser feito,
mas a incompreensão é tal
que se comprazem, os tolos, em julgar mal
os que, lá fora, tentam, sem sucesso,
eliminar o defeito.
Mas qual o problema maior:
o ônibus que não anda,
ou esses lamentos ao meu redor?!

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