quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"Desculpem, mas se morre"

Nunca está demais, para mim, citar esse vulcão de sensibilidade chamado Clarice Lispector. Veja-se a beleza com que ela descreve, em poucas palavras (o título que escolhi para este texto), o desacerto em que nos vemos quando a morte dá a público mais uma de suas vitórias.

Eu queria poder escrever algumas linhas, um rascunho poético qualquer para dizer adeus a uma grande amiga que hoje fez sua passagem para o "undiscovered world". Mas será que dona Alcina precisa de meus arremedos de literatura com uns longes de citacionismo truncado, para saber que sua partida está me doendo? Provavelmente não, mas me faltam outras (e melhores) formas de reagir. Humildemente tentei uns rabiscos.

Sem ser minha parente,
vim a ser seu descendente
pela afinidade que nos unia
e pela dor que me punge,
por sua partida.

A notícia não veio agora, 
dolorida em seu descompasso.
Primeiro veio a notícia da piora;
só depois ela deu o derradeiro passo:
saiu da vida, entrou em outros espaços.

Não precisa entrar na história.
Nem tinha essas pretensões, embora
vá ficar em minha memória
cada gesto e cada palavra, inapagáveis traços 
(de mútuo apreço).

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