Chegando à faculdade na última sexta-feira reparei, de imediato, que um dos intercambistas japoneses cortou as madeixas. Num movimento de aproximação e simpatia, fiz o comentário de praxe, destacando que eu prestei atenção nele.
Pausa.
Ele me disse que não queria comentar sobre o corte porque não lhe pareceu bom. A dificuldade com o idioma impediu que orientasse adequadamente o barbeiro e o serviço foi feito diferente do esperado. De qualquer modo acho que ficou bom, e repeti o comentário. Com perceptível mau estar.
Depois, em casa, parei para pensar que comigo aconteceu algo semelhante: troquei de salão recentemente, porque meu barbeiro habitual estava ficando catacego. E na última vez em que fui a esse novo lugar a pessoa que me atendeu mudou o feitio do corte e, com isso, aumentou as entradas que eu tenho.
Eu não gostei, o pessoal de casa tampouco. E já havia me resignado a deixar o cabelo crescer para cobrir o ponto falhado. Até que ouvi de uma professora que estava bom. Ou seja, o mesmo que aconteceu com meu colega estrangeiro. Mas o comentário dela não era apenas simpático; ela inclusive achava que a mudança me deixou mais jovial.
Olhei, então, por outro ângulo e me consolei com um poema de Cecília Meireles, em que ela detalha para um pintor: "como tenho a testa sombria,/derrame luz na minha testa."
Para a luz chegar até minha testa, os poucos cabelos tiveram de sair.
Pausa.
Ele me disse que não queria comentar sobre o corte porque não lhe pareceu bom. A dificuldade com o idioma impediu que orientasse adequadamente o barbeiro e o serviço foi feito diferente do esperado. De qualquer modo acho que ficou bom, e repeti o comentário. Com perceptível mau estar.
Depois, em casa, parei para pensar que comigo aconteceu algo semelhante: troquei de salão recentemente, porque meu barbeiro habitual estava ficando catacego. E na última vez em que fui a esse novo lugar a pessoa que me atendeu mudou o feitio do corte e, com isso, aumentou as entradas que eu tenho.
Eu não gostei, o pessoal de casa tampouco. E já havia me resignado a deixar o cabelo crescer para cobrir o ponto falhado. Até que ouvi de uma professora que estava bom. Ou seja, o mesmo que aconteceu com meu colega estrangeiro. Mas o comentário dela não era apenas simpático; ela inclusive achava que a mudança me deixou mais jovial.
Olhei, então, por outro ângulo e me consolei com um poema de Cecília Meireles, em que ela detalha para um pintor: "como tenho a testa sombria,/derrame luz na minha testa."
Para a luz chegar até minha testa, os poucos cabelos tiveram de sair.
Parece que muita coisa mesmo depende do ângulo que se vê... espero que não interprete meu comentário como clichê :-) Foi a primeira coisa que veio à minha cabeça ao final da leitura desse post.
ResponderExcluir