domingo, 26 de maio de 2013

Sobre o 3° Concerto Didático SESC/JF

Desnecessário dizer que o blog não é, de per si, um espaço de crítica de arte. Menos ainda as razões por que, eventualmente, textos dessa natureza ocupam este espaço. Novidade aqui só uma: a intenção de comentar e divulgar a excelente iniciativa dos Concertos Didáticos promovidos pelo Sesc/JF. Estes concertos são realizados sempre na última sexta-feira de cada mês e este que vou comentar contou com a participação do Grupo Sinfonietta.

Eu próprio não sabia da existência dos concertos antes, tanto que teço meus comentários sobre o terceiro concerto da série. Ocorreram outros dois antes, portanto. Cheguei ao conhecimento do evento pela indicação de um amigo. Por tudo isso, acho justo e necessário escrever a respeito. E, se todas essas razões fossem insuficientes, me restaria argumentar com o número de presentes à apresentação: 27 pessoas. O número 27 não deixa dúvida a respeito do atual alcance do evento, ponto que gostaria sinceramente de ver modificado. 

Ditos os motivos que me levam a escrever, passo aos comentários sobre o que vi/ouvi na sexta-feira última, dia 24/05. Conforme informação do programa, um " 'concerto didático' pode ser definido como uma apresentação musical comentada, com o intuito de possibilitar ao público certa aproximação com a música erudita". Quanto a isso, não resta dúvida de que a simpatia do maestro Irineu Pereira contribui (e muito) para deixar os presentes à vontade e a linguagem utilizada por ele foge, na medida do possível, de termos técnicos que poderiam prejudicar a comunicação. Antes de prosseguir, apenas quero deixar registrado que o mérito do projeto reside justamente em desmitificar a música erudita, dando ao público um mínimo de conhecimento que permita um acercamento sem temor a essa forma de arte.

Além disso, os integrantes do grupo mostraram-se solícitos ao tocar brevemente uma, duas ou até três vezes (antes da execução das peças do programa) para mostrar a característica do som de seus instrumentos, ilustrando as explicações do maestro.

No repertório do concerto, três movimentos do Concerto Grosso n° 10 de Handel (Allegro, Air e Allegro), precedidos pela explicação sobre o diálogo dos dois violinos e do violoncelo dos solistas na "fuga" que caracteriza o Allegro. E também a respeito da característica mais lírica do movimento intitulado Air, a qual poderia deixar nos ouvintes a sensação de estar "faltando uma voz humana" no concerto.

Em seguida o grupo executou o Allegro e o Romanze da Pequena Serenata Noturna de Mozart. Não sou exatamente um entendido em música erudita, mas reconheci a música aos primeiros acordes. Composição conhecidíssima (o romanze, inclusive, costuma ser tocado nos cortejos de casamentos), propicia no concerto aquele momento de identificação do público, que, apoiado em uma presunção de conhecimento, torna-se ainda mais partícipe do evento.

Foto do Grupo Sinfonietta em ação, tirada pelo meu amigo Adão Felipe.

A terceira peça do programa foi uma composição do brasileiro Paulo Cesar Maia de Aguiar que, aliás, estava presente ao concerto e trocou palavras breves com o maestro num português carregado que deixou entrever a verdade da sua biografia apresentada no programa, na qual consta a informação de que o compositor atua mormente no Hemisfério Norte. O Congo e a Sinhazinha, possui características de choro e agregou à orquestra uma flauta e um clarinete, cujos sons representavam os personagens que dão título à peça.

À parte das composições elencadas no programa e à maneira de um bis antecipado, o grupo tocou ainda Bola de Meia, Bola de Gude (Fernando Brant/Milton Nascimento) e My Girl (W. "Smokey" Robinson - da trilha sonora do filme Meu primeiro amor). Ambas as composições foram arranjadas pela violoncelista Ana Maria de Oliveira Vieira e constituíram outro momento de identificação, além de demonstrar que violinos, violas e violoncelos não são instrumentos de um passado distante e inacessível, mas sim objetos vivos, cuja arte também pode colocar-se a serviço da execução de peças contemporâneas.

Resumo da noite: em uma apresentação de mais ou menos 60 minutos tivemos a oportunidade de ver e ouvir o trabalho de um grupo de músicos dedicados que colocaram sua arte, com eficiência, a serviço da divulgação cultural, buscando, como se disse, aproximar o público da música erudita. E aproximaram, com certeza.

2 comentários:

  1. Excelente texto. Parabéns e obrigado pela presença. O Grupo Sinfonietta te aguarda para o próximo concerto!

    Diogo Campos

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  2. Parabéns ao grupo, Diogo. Só fiz um comentário no intuito de difundir o trabalho de vocês! :)

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